sábado, 30 de novembro de 2013

Ausência


     
     Depois da chuva, o ar voltou a ficar abafado e denso; a terra, ainda úmida, exalava o cheiro gostoso de fertilidade e frescor.
    O céu, confuso, ainda não definira que cores vestir e tamanha sua dúvida continuou nublado. 
     Havia algo de diferente, uma expectativa sútil, daquelas que a gente tem  quando está na rodoviária ou no aeroporto esperando a pessoa amada.
      Mas, você não veio.... insisti esperar um pouco mais, afinal atrasos foram feitos para nos dilacerar cada vez mais e fazer os ponteiros dos relógios mais pesados do que são.

Flores



Um dos      "...mais belo dueto entre soprano e mezzosoprano que existe (....),  Dueto das flores da ópera Lakmé, com a soprano Anna Netrebko e a mezzo-soprano Elina Garanca " Felipe Rivolta


Escrevo em todas as linhas,
não permito entre-linhas,
entre as vidas, 
Apenas veja,
o doce e o amargo
do silêncio das flores lindas e
esquecidas nos campos
gelados ao derreterem-se
nas mãos do sol

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Na hora do parto




  TRAGO A SENSATEZ DAS MONTANHAS  EM MEU OLHAR.
            MINHA LIBERDADE ESTÁ NAS PONTAS DE MEUS DEDOS, QUE VÊEM O MUNDO.
            PROCURO PRONUNCIAR PALAVRAS SILENCIOSAS COMO  O SOM DO BALLET DO RIO ESVAINDO-SE AO AR.
            PALAVRAS FORAM FEITAS PARA ESCUTAR DE QUEM SABE USÁ-LAS.
            PROFERIR UM SOM É PROFERIR UM DOM, DE FAZÊ-LO E ENXERGÁ-LO COM HUMILDADE DA UMIDADE QUE A TUDO SUAVIZA SEM PRECISAR DE PLATÉIAS E APLAUSOS.
            O VERDADEIRO AZUL NÃO É AQUELE QUE SE DESENHA, E SIM O QUE SE FAZ MIRAR COM A CORAGEM DE UM CÉU E A ALTIVEZ DE UM CHÃO.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Para uma inteira vida

              Quase todas as manhãs, bem no amanhecer, costumo andar pelas ruas, ainda desertas e nebulosas pelos resquícios deixados pela noite.
        Nesta falsa inércia de um anonimato, descubro o dia como uma pintura viva e que sou tão livre quanto a minha solidão  permitir e que o amor romântico é a tentativa de vencer a morte e abraçar a eternidade na carne.
         Mas, se mesmo amor for, a resignação será  o cálice de vinho tímido, bebido lentamente nas reentrâncias do cotidiano


O REVER


Postagem original: http://arqueirohur.blogspot.com.br/

Postagem original, em 19.06.2012



O REVER

O REVER é uma “abertura individual”
que nos ofertamos para sairmos do
“estado em que nos encontramos”.

É um presente que nos damos
(e somente nós o podemos fazê-lo), 
de crescer
e de nos “reconhecermos como parte da Criação”.

É o REVER a condição de largarmos
o princípio do “certo e errado”, das convicções;
onde nos permitimos a ter outras visões/vertentes,
abrindo o nosso horizonte para a LUZ,
para a consciência do TODO.

No REVER,
vamos aos poucos (com paciência e humildade)
dissolvendo “as razões” que nos impuseram
estar em separado.
Vamos percebendo os estágios e estados de consciência
(nossos e dos outros)
e nos liberando dos julgamentos,
pois reconhecemos o nosso 
e assim,
sabemos que há outros acima para chegarmos,
como também que já estivemos mais aquém.
Cientes da condição de aprendiz,
não nos vemos “mais” do que alguém,
nem bradamos nosso estado
(seja ele qual for);
apenas continuamos a caminhar,
aprendendo com tudo e todos.

Nesta trajetória do REVER,
vamos detectando a atuação de conveniência do ego,
que busca as “escoras” da concordância
para manter sua “razão”
e é aonde devemos ter atenção,
para percebermos
“aquilo que ele tenta ignorar ou discorda”;
pois é aí, 
naquilo que discordamos ou tentamos ignorar, 
que invariavelmente está
“a chave da porta para o crescer e SER”.

No caminho do REVER (do SER),
não há questões/tema esgotado, encerrado;
nem posição definitiva, fechada.
Tudo muda de acordo com o
“estado de consciência alcançado”,
não se tendo vergonha do mudar,
de se reconhecer.
Ao contrário:
O “mudar” é o propósito;
e a mudança, só ocorre no reconhecido.

O crescimento só se finda
pelo seu querer, pela sua vontade,
pela sua "escolha"...

Que você se dê este presente
e perceba, a cada momento e situação,
a presença do Universo Evolutivo
lhe amparando e guiando neste caminho.

ArqueiroHur 



terça-feira, 26 de novembro de 2013

Pensamento - rosa do sol





     O belo do humano
 escondido
 em pálpebras cansadas, 
envolvendo  ardências nos olhos
 de cílios tão delicados e sobrancelhas
 penteadas pelo caminho do pensamento,
 embalado pelo sono de uma paz
 longínqua do olhar da imaginação.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Taperás


Janete Mehl
           A vida  salta pelos olhos em  encontros e desencontros no cimento que sepulta histórias de bandeirantes, índios caçados, escravos fugitivos e italianos assustados.                         
      Cruzes envolvem as igrejas onde suplico, no meu olhar pagão, em   lágrimas salgadas tão longe do mar,   aprender a pedir sem sentir auto-piedade, 
                                                         Campo das gaivotas | 2004 | 150 x 150 | | acrílica sobre tela -  Janete Mehl

         Idosos sentados  nos   bancos, isolados no meio da multidão,   misturam-se às madeiras descascadas e desbotadas ao observar aquele que os consumem: o tempo de um tempo, que não volta, mas não vai embora...  enrugando a pele, encolhendo os ossos, sombreando artérias.
       O cinza começa a tingir as nuvens, uma aquarela paulista, em preto e branco. A chuva encarde o asfalto e abafa poeiras; as poças d'águas isoladas carimbam o chão, como espelhos sujos e sem molduras, das calçadas que se apagam com pegadas invisíveis pelos pés independentes das pernas que os levam e esperam o sol regressar. 
       Carros desfilam rasgando o asfalto com  água encravada nos sulcos dos pneus,   estampando desenhos abstratos  aos pára-brisas.        Adolescentes histéricos gritam em ordas, num caminho sem caminhos, escravizados pelos teclados de uma melodia virtual, indiferentes aos teimosos taperás que sobrevoam a cotidiana tragédia decretada à natureza indefesa:  espumas  pousadas, coladas, como carma, nas águas densas e grudentas no salto de um Tietê em luto, seguindo o ritmo do prisioneiro que cumpre a sentença dos homens: encarcerado às engrenagens de um relógio mudo,  cujos ponteiros são o perímetro da cidade. 
      A noite abre as cortinas da escuridão para as estrelas saltarem em Salto - que tímido assiste o espetáculo secular, no seu anonimato pulgente que abriga a gente sem nada cobrar.
     

                         .
         
                    
                      
                   
                        
  
  

domingo, 24 de novembro de 2013

Saudade




Marc Adamus


Momentos
eternizados
no meu 
coração -


marca de felicidade
de situações
infindáveis
no finito
do tempo.

É uma tatuagem
na alma ou
uma 
lágrima
congelada
pelo frescor
de amar.

Solidão




Parece que 
acostumei-me
à solidão....

Parece tudo tão
previsível..

O abismo
de uma eternidade
padronizada

renovada
por esperanças
que queremos
tanto acreditar,
mas que não
temos coragem de romper
com os vícios
de tristeza
e abandono.

Por ser mais cômodo....


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Tarde



A tarde se vai,
a tarde se esvai...

implodindo
o amarelo
para o vácuo
escuro entrar.

Imperfeição



O amor
é a tênue
fronteira
que vê,
aos olhos de
quem discerne,
enxerga a
perfeição
na
imperfeição...

sem pena -
no sofrimento,
compreensão

deixando-nos 
sem solidão.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Cicatriz




belleza-pura.blogspot.com 

(Trata-se de uma)

Pele
rasgada
pela
fala
fálica (e)
hipócrita
na 
cripta
da consciência
- de uma
insana vida
corroída
por
ácido
da límpida
lâmina
que desliza 
entre os
poros...
desenhando a
cicatriz da (nossa)
existência

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Ego



http://migre.me/gHY9d


Constelações
de estrelas cegas,
asfixiadas de si
no fixo
olhar 
ao outro
que
não espelha
seu reflexo.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Respiração



As palavras soam como melodias.....
Escuto-as bem dentro de mim,



Cada som, pronuncia,
seguem o compasso de minha respiração
invadindo-me ,
desbravando-me
em leveza
na suavidade
de
encarcerar-se 
na liberdade
de um corpo

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Grito



Meu grito na escuridão,
rompendo
desfazendo
amarras seculares
de uma história distorcida
à medida
do relevante.

Algemas partidas,
Pessoas...
Partidas na hora da
partida.

E o coração se esvai
de si mesmo - 
jogando-se 
no labirinto
de vácuo.

Arqueirohur: Pequenos Pensamentos - XXVII

Arqueirohur: Pequenos Pensamentos - XXVII:   Postagem original, em 16.08.2011                Nada que não venha                e seja efetuado pelo coração,                ...

Espelho




No espelho d'água
o reflexo da imensidão
das estrelas
luzindo o firmamento.

o eco do silêncio
espalha-se
machucando a consciência.
a ensurdecer
a mente cansada,

mente que mente,
que está mentindo
nos corredores
do labirinto
da existência

domingo, 17 de novembro de 2013

Outono


http://migre.me/gFxWC


Os ecos de outono encontram-se
Ao choque das espumas do mar
Raspando areias como
Um encanto de amor.

Folhas jogadas ao ar,
Recados anônimos,
Que secam......
À quem interessar possa,

Brilham os dias,
Encantados

Para quem interessar possa.....

Gotas de suor
Deslizam pelo meu rosto
Pelo encanto
De engolir

A vida.

Sinfonia

Quando a madrugada se faz
e o dia se orquestra
arquitetando o céu
em jatos de cores
do fogo, amarelo ao azul,
contornando o infinito
na silhueta da eternidade -
sinto que participo desta
sinfonia,
como um grão de areia que
 pertence à praia.

sábado, 16 de novembro de 2013

Jardim



Minha vida é um jardim
Cada dia uma rosa,
Rosas tão iguais, tão diferentes,
Orquestrando o paradoxo
Do ato de viver,
Os espinhos, buracos infinitos
No  meio do nada,
Lembram-me que
Cada gota de sangue
De pele perfurada
É apenas a vontade
De vencer o
Próprio humano,

Minha saliva
Alimenta
O som proferido
De meus atos pensamentos,
De cada pétala que brota
De mim,
Para mim,

Por mim.

Tempo




Houve o tempo sem tempo.... 



E se houve, é porque tempo já se fazia, 

em que não havia tempo 

para pensar em não 

ter tempo..... 

o tempo se esvai.. 

e vai,

nunca voltando.

O tempo é a alma partida.

A matéria da vida, 

o coração que adora,

é o olho que chora,

a ravia sentida,

a mágoa que cicatriza, 

a palavra em navalha

que corta teu ego

enterrando-te 

em tua própria carne - 

quando ainda és o eu

pensando em sermos nós

sem desartar os nós

Correndo pelos nós

no oceano do infinito

qual não podes aportar

pois a limitação humana

é a mais desumana 

prática de 

sentir o tempo